quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Lusitano Centenário - Recordações

Lusitano de Évora: Sócio ainda se recorda dos 4-0 ao Benfica

A goleada do Lusitano de Évora ao Benfica por 4-0, na longínqua época de 1957/1958, ainda está “fresca” na memória de Alexandre Zapico, um dos sócios mais antigos do emblema alentejano, que assinala na sexta-feira o seu centenário.
Exibindo orgulhosamente o cartão de sócio com o número 14, Alexandre Zapico recorda à Agência Lusa que, na temporada de 1957/1958, quando o Lusitano de Évora competia na então primeira divisão, o Benfica deslocou-se ao Campo Estrela com o objetivo de ganhar o jogo, mas acabou goleado.
“Vinham todos entusiasmados em ganhar ao Lusitano e, depois, levam logo 4-0”, lembrou, referindo que um dos melhores foi o hondurenho Cardona, que fez “a cabeça em água” ao defesa benfiquista Artur: “Segurava-lhe a camisola e passava-lhe rasteiras, mas ele parecia um rato a fugir-lhe”.
Alexandre Zapico, de 89 anos e com quase 75 de sócio do Lusitano de Évora, ainda se lembra que, nesse dia, o Campo Estrela, casa do clube alentejano, encheu para ver o Benfica, onde alinhavam José Águas e Mário Coluna, entre outros.
“Vieram 130 ou 140 autocarros” e o estádio “tinha aí umas 20 mil pessoas”, refere, realçando que, quando havia jogo grande em Évora, a cidade enchia-se de adeptos e “esgotavam-se as cervejas, as laranjadas e os pastéis”.
Mas não foi só frente ao Benfica que a equipa alentejana se conseguiu impor. Alexandre Zapico diz que Sporting e Barreirense também chegaram a sair derrotados de Évora, e, quando não perdiam, viam-se “atrapalhados para conseguir um empate”.
Nessa altura, recorda, o Lusitano de Évora contava nas suas fileiras com jogadores de grande qualidade, como Vital, Falé, Pepe, Di Paola, Vale e Duarte, alguns deles até representaram Portugal nas seleções A e militar.

“No Alentejo, ninguém igualava o Lusitano”, afiança, com orgulho, Alexandre Zapico.

Mas os anos de primeira divisão duraram apenas 14 épocas. Depois, o clube “foi abaixo”, porque os lavradores e os sócios mais abastados deixaram de investir e “o Lusitano nunca mais foi o mesmo”, conta.
Nos últimos anos, Alexandre Zapico “desligou-se” do Lusitano de Évora, devido à idade e às dificuldades para se deslocar aos jogos, mas garante que continua a pagar as quotas, porque “a amizade ao clube continua”.
O lusitanista ainda gostava de ver o emblema alentejano nos patamares que o clube atingiu nas décadas de 50 e 60, mas não acredita que seja possível, porque “não há dinheiro para isso”.
“O próprio Estado não tem possibilidades e os sócios, parte deles, já não têm aquela vontade que tinham noutros tempos”, sublinha.
Hoje em dia, diz que continua a ver futebol, mas apenas na televisão, e, sobretudo, o Sporting, o outro clube do seu coração.

“Mas a ligação ao Lusitano de Évora era diferente”, assegura

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